Doença Renal Crônica em cães e gatos: entenda essa condição silenciosa e como agir com segurança
- Nathalia Barbosa Messas
- 26 de jul.
- 5 min de leitura
"Meu cachorro está bebendo muita água, será que é normal?"
"Meu gato está emagrecendo, mas ele ainda come... deve ser a idade, né?"
"Vou esperar mais um pouco, acho que é só uma fase..."
Essas frases são mais comuns do que se imagina. Muitas vezes ditas por tutores bem-intencionados, elas refletem dúvidas legítimas, mas também escondem um risco silencioso: a Doença Renal Crônica (DRC), uma das condições mais comuns e subdiagnosticadas na medicina veterinária, com maior frequência entre cães e gatos idosos, porém pode aparecer em animais jovens, chamada de Doença Renal Juvenil. “ infelizmente já atendo paciente com essa condição com apenas 6 meses de idade”.
Neste artigo, quero te explicar, de forma clara e acessível, o que é a Doença Renal Crônica, como ela afeta o organismo do seu pet, quais sinais merecem atenção e por que buscar um acompanhamento especializado pode fazer toda a diferença na vida — e na qualidade de vida — do seu companheiro.

O que é a Doença Renal Crônica?
A Doença Renal Crônica é um processo degenerativo, progressivo e irreversível de um ou ambos os rins. Isso significa que, com o tempo, os rins do pet vão perdendo a capacidade de filtrar o sangue adequadamente, eliminando toxinas, equilibrando os níveis de água, eletrólitos e hormônios no corpo. É uma doença que avança aos poucos, e por isso, os sinais muitas vezes só aparecem quando boa parte da função renal já foi perdida, para ser mais exata, os sinais clínicos começam a aparecer quando 75% dos rins estão comprometidos.
Ou seja: quando o tutor percebe que “tem algo errado”, os rins já estão comprometidos, o corpo do pet já está sobrecarregado, tentando compensar silenciosamente esse declínio.
Por isso, entender a DRC é tão importante. Ela não é apenas uma consequência da idade avançada — embora o envelhecimento seja um dos fatores —, mas também pode surgir em animais jovens, principalmente quando há predisposição genética ou outras doenças de base envolvidas - “ infelizmente já atendi paciente com essa condição com apenas 6 meses de idade”.
O que pode causar a DRC no seu pet?
Existem diversas causas para a Doença Renal Crônica. Entre as mais comuns, estão:
O envelhecimento natural dos rins, especialmente em gatos a partir dos 7 anos
Infecções urinárias mal tratadas, como pielonefrite
Doenças sistêmicas como leishmaniose, doenças transmitidas por carrapato, doença periodontal, hipertensão, problemas cardíacos, doenças hormonais, urolitíases (cálculos).
Uso prolongado de medicamentos que prejudicam os rins (anti-inflamatórios e quimioterápicos por exemplo)
Fatores hereditários em algumas raças, como Maine Coon, Persa, Siamês, Cocker Spaniel e Schnauzer e várias outras x
É importante destacar que a DRC raramente tem uma única causa. Ela costuma ser o resultado de um conjunto de fatores que, juntos, acabam sobrecarregando os rins até que eles perdem a capacidade de funcionar adequadamente.
Sinais de alerta: como saber se meu pet pode estar com problema renal?
O grande perigo da DRC é justamente a sua evolução silenciosa. Os sinais clínicos são sutis no início, e podem facilmente passar despercebidos ou serem confundidos com o envelhecimento natural.
Veja alguns sinais que merecem atenção:
Aumento do consumo de água (polidipsia)
Aumento na quantidade de urina (poliúria)
Redução do apetite, ou “come, mas está mais seletivo”
Emagrecimento progressivo, mesmo comendo
Vômitos esporádicos ou frequentes
Mau hálito com cheiro semelhante a amônia ou uréia
Apatia, sonolência ou cansaço excessivo
Pelagem opaca, descuidada
Mesmo que seu pet ainda esteja comendo, brincando ou parecendo “bem”, alterações nesses comportamentos já indicam que é hora de investigar. O organismo do animal pode estar compensando de forma silenciosa — e isso tem um custo alto para a saúde dele a longo prazo.
Como é feito o diagnóstico da Doença Renal Crônica?
O diagnóstico da DRC exige avaliação profissional cuidadosa. Um veterinário especializado analisa não apenas os sintomas, mas também solicita exames laboratoriais e de imagem para compreender o estádio da doença e a extensão do comprometimento renal.
Entre os principais exames estão:
Dosagens de ureia, creatinina e SDMA
Exame de urina para avaliar a densidade urinária (mostra a capacidade dos rins de concentrar a urina), além de avaliar se há perda de proteína pelos rins
Ultrassonografia abdominal (para verificar alterações estruturais)
Aferição da pressão arterial (rins e pressão estão intimamente ligados)
É a partir dessa avaliação completa que se faz o diagnóstico e define o estádio da DRC — que vai do 1 ao 4 — e se traça um plano de cuidados adequado. Diagnosticar cedo é a chave para oferecer mais tempo e qualidade de vida ao pet.
E o tratamento? Existe cura?
Não, a DRC não tem cura. Mas tem tratamento e controle, e isso muda completamente a expectativa de vida e o bem-estar do paciente.
O tratamento é individualizado, considerando o estádio da doença, os sintomas presentes e as comorbidades associadas. Algumas estratégias incluem:
Dietas terapêuticas específicas para suporte renal
Suplementação nutricional
Controle da pressão arterial
Correção de distúrbios eletrolíticos (como potássio, potássio, cloreto, cálcio iônico e fósforo)
Correção de distúrbios ácido - base (mantendo o pH do sangue dentro da normalidade)
Uso de medicamentostratar sintomas associados
Hidratação adequada (oral ou subcutânea, conforme o caso)
O mais importante é entender que o tratamento vai muito além de “dar ração renal”. É uma abordagem integrada, ampla, contínua e ajustada com base na resposta do pet.
Por que buscar um especialista em nefrologia?
A Doença Renal Crônica é complexa e exige conhecimento específico. O acompanhamento com um profissional especializado em nefrologia veterinária permite:
Avaliação mais profunda da função renal
Planejamento de tratamento mais estratégico
Maior chance de estabilidade clínica
Melhor controle de sintomas e evolução
Suporte ao tutor para decisões importantes
Muitos tutores acham que “é só dar a ração renal e acompanhar”, mas a verdade é que o sucesso no controle da doença depende de um olhar técnico, atento e cuidadoso.
Pensamentos comuns do tutor (e por que elas podem ser um risco)
“Mas meu pet ainda está bem… posso esperar?” Infelizmente, a DRC evolui mesmo sem sintomas. Esperar só torna o tratamento mais difícil.
“Não quero fazer tantos exames, parece exagero…” Entendo o sentimento, mas os exames são o único caminho para entender a real condição do pet e oferecer o melhor cuidado possível.
“Já é idoso… é normal ele estar assim.” Envelhecer não é sinônimo de adoecer. Sintomas como emagrecimento, sede excessiva ou vômitos não devem ser ignorados.
“Tenho medo de descobrir algo sério.” É compreensível. Mas descobrir cedo é o que nos permite agir com eficácia. Negar a realidade não protege — ao contrário, limita as chances de controle.
Conclusão: o que você pode fazer agora?
Se você deseja saber se seu pet tem DRC, notou algum dos sinais mencionados, ou se o seu pet já tem um diagnóstico de DRC, o mais importante é saber que você pode fazer a diferença na vida dele.
Com o acompanhamento certo, mesmo uma doença sem cura pode ser tratada com seriedade, carinho e estratégia, garantindo conforto e bem-estar.
Se precisar de ajuda, estou à disposição para conduzir o caso do seu pet com o cuidado que ele merece — seja presencialmente ou via consultoria online.
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